O Terapeuta da Fala atua ao nível da prevenção, intervenção e investigação das patologias relacionadas com a Comunicação e Deglutição. Esta realidade permite estabelecer uma ligação imediata com as diferentes faixas etárias nas quais desenvolve a sua prática. Podemos, pois, encontrar um Terapeuta da Fala nos mais diversos serviços (neonatologia, geriatria, ou qualquer outro serviço, com implicação ao nível da comunicação e deglutição) e entidades (hospitais, clínicas médicas, escolas, lares, entre outros).
Direcionando a nossa atenção para as patologias associadas ao Desenvolvimento, importa esclarecer um dos grandes mitos criados sobre a Terapia da Fala:
– “Ainda só tem 3 anos, é muito cedo para procurar um Terapeuta da Fala.”
O Desenvolvimento da Linguagem inicia-se ainda durante a gestação. Este envolve uma componente de compreensão e outra de expressão, pelo que não podemos fazer uma análise das competências linguísticas baseada apenas na fala da criança. Logo após o nascimento, é possível identificar alterações ao nível das interações comunicativas estabelecidas pela criança. Por exemplo: a criança fala, mas também sorri, chora, expressa necessidades, faz pedidos, utiliza o gesto, interpreta mensagens dos pais e reage às mesmas. Assim, qualquer alteração deste tipo pode e deve justificar a avaliação e aconselhamento, por parte do Terapeuta da Fala.
No que diz respeito ao Desenvolvimento Articulatório, e agora sim focando-nos na fala da criança, podem ser identificadas alterações na produção de determinados sons, que já deveriam estar adquiridos desde muito cedo.
Por fim, também ao nível da Alimentação, pode surgir a necessidade de intervenção, desde a fase da amamentação, estando esta diretamente relacionada com eventuais dificuldades nas diversas etapas da Deglutição.
A resposta a este mito remete-nos para a importância da deteção precoce. Prevenir e identificar, desde cedo, é, certamente, um passo acelerado para o sucesso do desenvolvimento da criança, cabe-nos a nós, adultos, interpretar a sua importância e colocá-la em prática.
Inês Veiga e Tiago Grave (Terapeutas da Fala)